De acordo com dados do relatório de “Estatísticas Fiscais”, do Banco Central (BC), divulgado nesta sexta-feira (28/11), em 12 meses até outubro deste ano, o setor público consolidado (União, Estados/municípios e estatais) pagou em juros a soma de R$ 987,2 bilhões. No mesmo período de 2024, essa despesa estava em R$ 869,3 bilhões.
Ou seja, de um ano para o outro, foram transferidos quase R$ 1 trilhão dinheiro de toda sociedade – via juros – a bancos e demais rentistas, devido à decisão do BC de aumentar os juros base da economia (Selic) para 15%.
Apesar da canalização da maior parte da renda da sociedade para o setor financeiro, em consequência dos juros escorchantes imposto às empresas produtivas e aos consumidores brasileiros, provocar um quadro de estagnação e atraso do desenvolvimento econômico e social, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, voltou a afirmar que o BC não tem nenhum interesse em reduzir os juros.
“Esse é o mandato do Banco Central, vamos colocar a taxa de juros no patamar que é necessário, pelo tempo que for necessário”, disse Galípolo, que usa agora como álibi, o argumento de que o BC tem que perseguir o centro da meta de inflação, que é de 3%, desprezando o seu o intervalo de tolerância legal de 1,5 a mais (ou seja, em 4,5% a meta estaria cumprida).
Nesta semana, o IBGE divulgou que o indicador prévio de inflação (IPCA-15), em 12 meses até novembro deste ano, ficou em 4,50%, sendo abaixo dos 4,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Até os bancos já estão reconhecendo que a inflação deve ficar abaixo de 4,5% em dezembro deste ano, de acordo com o boletim Focus do Banco Central (BC), que mostra o ponto médio das expectativas de inflação.
Com a manutenção da Selic em 15%, o juro real (descontada a inflação) segue sangrando o setor produtivo, empresários e trabalhadores, e sufocando as famílias brasileiras, para enriquecer os bancos e magnatas do capital financeiro.


