As operadoras de planos de saúde registraram um astronômico lucro líquido de R$ 17,9 bilhões no acumulado de janeiro a setembro de 2025, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O resultado supera o recorde de R$ 15,9 bilhões no ano de 2020 (alcançado em um período de pandemia de Covid-19) e é o maior desde o início da série histórica, em 2018.
O lucro astronômico das operadoras se dá em meio aos ganhos obtidos com as remunerações de aplicações financeiras, proporcionado pelo aumento da Selic (taxa básica de juros) do Banco Central (BC), hoje em 15%, além dos aumentos nas mensalidades que seguem abusivos, do rebaixamento da qualidade na prestação dos serviços e das negativas de cobertura a usuários – muitos deles em situação de vulnerabilidade por estarem com problemas graves de saúde.
Os planos de saúde também obtiveram ganhos vindos da redução de sinistros, que encerrou o período em 81,9%, o que é 2,4 pontos percentuais abaixo que o registrado em igual período de 2024. Essa redução foi possível principalmente pela recomposição das mensalidades, que superou a variação das despesas assistenciais, uma situação observada desde 2023.
Os planos de saúde coletivos correspondem a mais de 80% do chamado “mercado da saúde” no Brasil. Este modelo de contrato (coletivos por adesão ou corporativos) é reajustado entre as seguradoras e os contratantes, ou seja, sem limites de reajustes definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – que regula os planos individuais.
O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) explica que “esses planos se mostram atraentes para consumidores por serem mais baratos – mas é só fachada. Isso porque depois de contratar o plano coletivo, a bomba-relógio do reajuste explode no colo do consumidor”.
Os planos de saúde figuram no topo do ranking de queixas e reclamações de serviços, apurados pelo Idec, com 29,10% do total.
As denúncias são de que os operadores de planos de saúde estão desrespeitando princípios do Código de Defesa do Consumidor e normas do setor de saúde suplementar.


