A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou, nesta segunda-feira (19/5), uma audiência pública para discutir a proposta de venda do prédio da antiga Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, sendo aprovada posição contrária e cobrança de posicionamento do governo.
O presidente da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Paulo Araújo (PP), foi enfático ao afirmar que o Poder Legislativo é contra o fechamento de qualquer serviço prestado pela Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.
GESTÃO TERCEIRIZADA, COMPARTILHADA COM O MUNICÍPIO OU MESMO MANTER O MODELO ATUAL, PROPÕE PAULO ARAUJO
O deputado Paulo Araujo revelou que já esteve em diálogo com o governador Mauro Mendes (União), que prometeu apresentar diferentes alternativas para a unidade, mas até o momento nenhuma proposta oficial foi divulgada. Mas diante da indefinição por parte do governo, segundo Araújo, a Assembleia se mostra aberta a discutir novos formatos de gestão.
“Quer discutir modelo de gestão? Somos parceiros. Pode ser uma gestão terceirizada, compartilhada com o município ou mesmo manter o modelo atual. O que não aceitamos é o fechamento de serviços essenciais, como a oncologia e a pediatria, que são referências para Cuiabá e Várzea Grande”, destacou.
177 LEITOS, 41 UTIs E 10 CENTROS CIRÚRGICOS, CITA PRESIDENTE DO SINPENMT
Conforme declaração de Dejamir Soares, presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Mato Grosso, “a Santa Casa hoje é propriedade dos trabalhadores. Todo aquele conjunto de imóveis no centro de Cuiabá pertence aos trabalhadores. O que nós queremos é que aquilo seja vendido e que seja feita a quitação devida com todos os trabalhadores”.
No entanto, apesar de ressaltar o posicionamento dos enfermeiros, que cobram a quitação das dívidas trabalhistas de R$ 42 milhões, Soares também ressaltou a importância estratégica da unidade hospitalar para o sistema de saúde pública do estado: “Cuiabá, Mato Grosso, não pode abrir mão de 218 leitos hospitalares, sendo 177 leitos de enfermaria, 41 leitos de UTIs e 10 centros cirúrgicos. A Santa Casa é uma potência hoje para diminuir o déficit da fila zero de cirurgia”, afirmou o presidente dos enfermeiros.
ESTADO TEM R$ 500 MILHÕES NA CONTA SAÚDE E A ASSEMBLEIA PODE AJUDAR QUITAR DÍVIDA TRABALHISTA, DEFENDE LÚDIO
De acordo com o deputado Lúdio Cabral (PT), médico e integrante da Comissão de Saúde da ALMT, ”uma proposta alternativa é a desapropriação do prédio da Santa Casa pelo Governo do Estado e fazer a transferência da gestão para o Consórcio da Baixada Cuiabana (composto por 13 municípios), mas com custeio feito pelo governo do estado, mantendo os serviços essenciais como oncologia, pediatria e atendimentos especializados, que já são prestados à população”.
“O governo estadual possui saldo disponível em caixa. O Estado tem quase R$ 500 milhões na conta da saúde para custeio. O hospital pode ser gerido pelo consórcio, com autonomia, contratando os profissionais e mantendo os serviços essenciais como oncologia, pediatria e atendimentos especializados que já são prestados à população”, salientou Lúdio Cabral.
Outro encaminhamento seria “desapropriação do prédio da Santa Casa pelo governo do estado e com a participação da Assembleia Legislativa, ajudando na quitação das dívidas trabalhistas”, destacou o petista.
“NÃO É SOLUÇÃO FUNCIONAR O HOSPITAL CENTRAL DE CUIABÁ, FECHANDO A SANTA CASA”, DISSE AVALLONE.
O deputado Carlos Avallone (PSDB) afirmou que houve uma conversa de um grupo de parlamentares, na semana passada, com o governador Mauro Mendes para saber se o Executivo já tinha formatado a proposta sobre o futuro da Santa Casa de Cuiabá.
“Não dá para fechar a Santa Casa. Os 24 parlamentares vão estar empenhados nesse assunto. Vamos estar ao lado da sociedade cuiabana. Não é solução começar a funcionar o Hospital Central de Cuiabá, fechando a Santa Casa. Essa não é a solução para a saúde pública de Mato Grosso”, disse Avallone.
TRANSFOMAR A SANTA CASA EM UNIDADE ESPECIALIZADA EM ONCOLOGIA, PROPÕE O DEPUTADO DR. JOÃO
Com o aumento do número de câncer em Mato Grosso, o 1º secretário da Assembleia Legislativa, Doutor João (MDB), propôs transformar a Santa Casa em uma unidade de saúde especializada em oncologia. Segundo ele, o Hospital de Câncer em Cuiabá não tem condições de atender a demanda. “Para saber se o paciente tem ou não câncer é preciso realizar uma biopsia. Isso é feito lá na Santa Casa. Ela faz isso”, disse o parlamentar.