O gasto do setor público (União, Estados, municípios e estatais) atingiu a soma de R$ 984,8 bilhões (quase 8% do PIB), no acumulado de doze meses até setembro deste ano, conforme dados do relatório de “Estatísticas Fiscais” do Banco Central (BC), divulgado na última sexta-feira (31/10).
São R$ 165,1 bilhões a mais do que foi pago de juros para o mesmo intervalo de tempo de 2024.
Em setembro, a despesa com juros – que na prática é a transferência de renda de todos os contribuintes aos detentores de títulos da dívida pública, majoritariamente bancos, foi de R$ 84,7 bilhões – um aumento de 82,5% em relação a agosto deste ano (R$46,4 bilhões). Se considerado os últimos nove meses, foram R$ 684,6 bilhões, um ganho de 5,3% frente ao mesmo período do ano passado.
A gastança com os juros avança por conta da taxa básica de juros da economia (Selic) do BC, hoje fixada em 15% ao ano. Em setembro de 2024, a taxa estava em 10,5%.
“Contribuíram para esse crescimento a elevação da taxa Selic e o aumento do estoque do endividamento no período”, confirma o BC, em seu relatório.
A Selic é um dos principais indexadores da dívida pública. Sendo assim, quanto maior estiver o nível da taxa nominal, mais o setor público terá de pagar juros, o que consequentemente aumenta a dívida. A cada 1 ponto percentual (p.p) acrescido no nível da Selic, há um aumento de R$ de 60,3 bilhões sobre a dívida líquida do setor público (DLSP), em 12 meses. Assim, a DLSP atingiu 64,8% do PIB (R$8,1 trilhões) em setembro, elevando-se 0,6 p.p. do PIB no mês.

Já na dívida bruta do governo geral (DBGG), 1 p.p corresponde a um impacto de 54,7 bilhões na dívida bruta do governo geral (DBGG). Em setembro, a DBGG atingiu 78,1% do PIB (R$9,7 trilhões) em setembro de 2025, elevando-se 0,6 p.p. do PIB no mês.
Com o pagamento de juros tomando uma fatia maior do Orçamento, menos dinheiro sobra para serviços públicos, que beneficiam diretamente a população, principalmente, os mais pobres deste país.


