Influenciador e campeão do reality show A Fazenda, Rico Melquíades jogou uma partida do "Jogo do Tigrinho" a pedido de senadores que integram a CPI das Bets do Senado, nesta quarta-feira. Os parlamentares queriam saber como funciona a dinâmica do jogo que conta com a publicidade de influenciadores digitais. Rico ganhou R$ 120 e se disse "nervoso" com o resultado.
O colegiado tem convocado influenciadores para entender a relação deles com as casas de apostas e se os contratos firmados contêm a chamada "cláusula da desgraça", que condiciona os ganhos das personalidades da internet às perdas dos internautas. Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, garantiu a Rico o direito de permanecer calado durante os questionamentos que podem incriminá-lo.
Os senadores chegaram a se amontoar para ver Rico jogando. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) pediu para que Rico jogasse mais uma partida, mas ele se negou.
— Aí eu estou induzindo o pessoal a estar jogando. Gente, eu fiz o ganho e não quero mais jogar — disse.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) questionou Rico sobre os R$ 5,7 milhões que haviam sido bloqueados pela Justiça no início do ano, durante a operação Game Over 2. Os bens do influenciador foram liberados após o pagamento de uma multa no valor de R$ 1 milhão.
Ao responder, Rico afirmou que os valores acumulados não vieram apenas da divulgação de casas de apostas.
— Meu dinheiro não é só de bets. Antes disso, participei de um reality show, o A Fazenda 13, que eu venci e ganhei R$ 1,5 milhão. Também fiz várias publicidades depois do programa — explicou.
Rico destacou ainda que parte significativa de sua renda veio de ações publicitárias realizadas após sua vitória no reality, durante a pandemia.
— A audiência foi grande, e com isso fechei muitas campanhas. O valor bloqueado era fruto desse trabalho, não apenas de apostas — reforçou.
A CPI ainda tenta notificar a advogada e ex-Big Brother Brasil, Adélia de Jesus Soares, para prestar depoimento. Além de ser influencer, Adélia advogada para Deolane Bezerra. Depois de faltar à primeira convocação, Adélia pode sofrer uma uma condução coercitiva. O pedido já foi feito pelo Senado e aceito pela Justiça Federal de São Paulo.
A relatora da comissão, a senadora Soraya Thronicke afirma que "investigações da Polícia Civil do Distrito Federal apontaram que essa empresa (de Adélia) teria sido utilizada como fachada para movimentações financeiras irregulares e lavagem de dinheiro vinculadas a jogos de azar". Além disso, a senadora diz que "há indícios de que a Payflow teria operado em desacordo com normas do Banco Central e teria ligação com uma sociedade sediada nas Ilhas Virgens Britânicas".
Outro nome presente nas convocações da CPI, e também ligado à influenciadora Deolane Bezerra, é seu filho, Giliard Vidal. "Além da presença obrigatória de Giliard na condição de testemunha, os senadores aprovaram o pedido de relatório de inteligência financeira sobre o influenciador", diz a convocação da CPI.