A campanha do Brasil no Campeonato Mundial de atletismo, encerrado neste domingo, em Tóquio, no Japão, pode ser visto de duas maneiras: a mais positiva é com relação às medalhas, foram três, uma de ouro e duas de prata, o melhor resultado da história. Mas, se a base for o número de finais obtidas, foram apenas três, igualando o pior desempenho dos últimos 32 anos.
As medalhas conquistadas por Caio Bonfim (ouro nos 20km e prata nos 35km) e Alison dos Santos (prata nos 400m com barreiras) não podem esconder o desempenho abaixo do esperado da delegação brasileira. Além da final de Alison, apenas outras duas finais foram alcançadas: Izabella Rodrigues em nono no lançamento do disco e Juliana Campos a 13ª no salto com vara.
No Mundial de atletismo, as provas de pista têm, em sua maioria, oito atletas participando das finais. Nas provas de campo - lançamentos e arremessos - são 12 que participam da luta por medalhas. Não há, porém, uma contagem de "final" para as provas de marcha atlética, maratona e decatlo, já que são disputadas em forma de final direta. Assim, há duas maneiras de se avaliar: a quantidade de finais e a quantidade de atletas no top 8 das provas.
Nota-se que o Brasil chegou a três finais, mas em duas delas as atletas não ficaram no top 8. Iza Rodrigues, no lançamento do disco, passou para a decisão entre as 12 primeiras, mas ficou em nono na decisão. Juliana Campos foi à final do salto com vara, mas acabou classificada em 13º lugar. Foram três top 8 no Mundial para o Brasil, todos nas medalhas: Alison com prata nos 400m com barreiras e as duas medalhas de Caio.
As três finais atingidas neste Mundial igualam o pior desempenho no quesito em 32 anos. Desde o Mundial de 1993, o país teve três finais em 1997, 2001, 2005 e 2015, mas nunca um número abaixo deste.
No Mundial deste ano, esperava-se muito que Luiz Maurício, no lançamento do disco, e o revezamento 4x400m chegassem à decisão. Luiz ficou longe da vaga, enquanto o revezamento foi desclassificado por conta de uma queima na passagem do bastão. Almir Cunha, no salto triplo, ficou a apenas 4 centímetros de um lugar na decisão.
Vale comemorar as medalhas de Caio e Alison, que colocaram o Brasil no top 15 do quadro de medalhas. Mas vale um grande ponto de atenção para o restante da delegação, que acabou ficando com resultados bem abaixo do esperado.