O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que a combinação entre recorde histórico de produção de grãos, abertura acelerada de mercados e linhas de crédito direcionadas tem reduzido os efeitos do “tarifaço” dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras. “Abrimos 437 novos mercados nesses 2 anos e 9 meses, né? Um recorde absoluto, nunca tivemos tantas opções”, disse. A entrevista foi ao vivo no programa Bom Dia, Ministro, transmitido em 17 de setembro de 2025, de Brasília.
Logo na abertura, a âncora Karine Melo ressaltou os números mais recentes: safra 2024/2025 estimada em 350 milhões de toneladas e exportações do agronegócio superiores a US$ 14 bilhões em agosto, alta de 1,5% ante agosto de 2024. A partir daí, Fávaro abordou os impactos do pacote tarifário dos EUA e as ações do governo brasileiro para mitigar perdas setoriais e regionais.
TARIFAÇO E DIPLOMACIA ECONÔMICA
Questionado sobre os efeitos do aumento tarifário nos EUA, Fávaro foi direto: “Não dá para comemorar uma crise onde o governo norte-americano mexe com todas as relações comerciais com o mundo”. Apesar disso, afirmou que a diversificação de destinos reduziu danos: “Isso então fez com que esse momento do [tarifaço] impactasse muito menos”.
Ao detalhar a MP 1.309/2025 (Brasil Soberano), o ministro explicou: “[É] para estar ao lado de todas as empresas que foram afetadas nas suas exportações para os Estados Unidos da América em função da taxação de 50% estabelecida pelo governo Trump”. Ele destacou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é quem conduz a política tarifária vigente no país e que Banco do Brasil, Caixa e BNDES são os canais de acesso ao crédito.
Em paralelo, Fávaro defendeu uma postura firme diante de eventuais retaliações: “Estamos preparados para enfrentar com altivez. O Brasil é soberano. O Brasil é dos brasileiros”.
RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS E DESTRAVAMENTO CRÉDITO
Fávaro reconheceu entraves no início do Plano Safra 2025/2026 e descreveu o pacote para repactuar dívidas, destravar financiamento e reduzir risco bancário:
· “Para pronafianos com dívidas até R$ 250.000… juros de 6% ao ano… [com] um ano de carência… [e] 9 anos para amortizar”
· “Juros de 8% ao ano para médios produtores até 1 milhão de reais… a mesma lógica… [primeira parcela] em 2027”
· “E dívidas até R$ 3 milhões para grandes produtores, juros de 10% ao ano… primeira parcela 2027, 9 anos para amortizar”
Segundo ele, o governo também atua com Conselho Monetário Nacional e CNJ para dar previsibilidade a recuperações judiciais e ampliar a capacidade de alavancagem das instituições financeiras.
SANIDADE ANIMAL E SEGURANÇA ALIMENTAR
O ministro ressaltou marcos sanitários recentes: “O Brasil… conseguiu o reconhecimento… como um país livre de febre [aftosa] sem vacinação” e o controle célere da gripe aviária: “O Brasil teve um único caso… e em 28 dias nós tivemos de novo reconhecimento… [como] livre da gripe aviária em plantéis comerciais”.
AGRICULTURA FAMILIAR E INCLUSÃO PRODUTIVA
Sobre pequenos produtores, Fávaro frisou a centralidade da agricultura familiar na mesa do brasileiro e defendeu políticas sob medida: “As menores taxas de juros [estão] vocacionadas ao PRONAF… retomada do programa Mais Alimentos… e o Solo Vivo, que leva correção e perfil de solo às pequenas propriedades”.