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Esporte Terça-feira, 23 de Setembro de 2025, 06:14 - A | A

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Padre Gean Medeiros une fé e esporte em projeto social que atende mais de 600 pessoas em São Paulo

Jogador de vôlei do time master do tricolor, Gean Medeiros é pároco do bairro do Valo Velho e leva o esporte para mais de 600 pessoas da comunidade

Da Redação

Gean Medeiros é um padre diferenciado. Aos 47 anos, é uma das referências do Valo Velho, um bairro da zona sul de São Paulo que fica dentro do distrito do Capão Redondo - uma das regiões mais violentas da cidade. Responsável pela Paróquia São Francisco de Assis, o padre vai além da fé para conduzir seu rebanho. Gean aposta no esporte, especialmente o vôlei, como ferramenta de promoção do bem-estar na comunidade.

- Conheci o voleibol com 12 anos de idade e fui viver o voleibol, mas todas as vezes que eu passava na frente de uma igreja, de uma paróquia, a paróquia e a religião falavam comigo. Conheci o esporte na escola, aprofundei na rua, o famoso rachão, e ouvi falar de um negócio chamado federação - aí eu fui levado para uma peneira. É uma paixão. Estamos aí nos relacionando, entre uma lesão e outra, há 35 anos - conta o padre Gean, que também é atleta do time de vôlei master do São Paulo.

Perto de atingir os 18 anos, Gean passou por um retiro, e ali optou por mudar o caminho, deixando de apostar na carreira esportiva para virar padre.

- Eu sempre fui bastante fominha com voleibol, e de repente eu estar faltando no treino para ir para a missa, pensei que alguma coisa estava estranha. Teve um ponto que foi bem delicado nessa trajetória de 25 anos. Foi uma fase em que eu tinha físico de atleta, me vestia como atleta, e já estava no seminário. A galera falava "você não tem cara de padre, não tem jeito de padre, não tem postura de padre". Para ser aceito, eu coloquei uma máscara. E um padre velhinho, muito sábio, percebeu que eu tinha adoecido e me disse: "tinha gente mais preparada do que você, tinha gente mais capacitada do que você, mas Deus chamou você, cara. Entre as quatro linhas ele foi lá e pinçou você. Não precisa colocar nenhuma máscara, não precisa fingir ser alguém que você não é. Seja você e seja feliz. Seja um padre que ama voleibol e tá tudo certo. Isso foi libertador - desabafou o padre a Fernando Fernandes, em entrevista para o Esporte Espetacular.

Em uma comunidade bastante carente, padre Gean não assiste à comunidade apenas através das missas e palavras de fé.

- Você tem a espiritualidade, você tem a liturgia, você tem os sacramentos, mas você tem uma realidade social também. Por ser uma comunidade de periferia, no último bairro da zona sul de São Paulo, durante a pandemia as pessoas passaram fome. Aqui tem problemas de moradia, e a igreja por vezes é o único equipamento da comunidade que vai mediar essa situação de vulnerabilidade. Eu achava que ia ser só padre, que ia só rezar - emenda.

Ao compromisso com a Igreja, Gean uniu o amor ao esporte para fundar uma escola de vôlei para cerca de 200 crianças e adolescentes que frequentam a quadra da rua de baixo da igreja. A escola Piano Piano existe desde 2016.

- Hoje nós temos uma escola de vôlei porque eu achava que tinha uma dívida. Voleibol me deu tanto, sou tão agradecido, e como eu devolvo isso? Eu gostaria que outros tivessem essa oportunidade que eu tive. Eu tenho uma discussão com a minha diretora porque ela quer formar atletas, ela quer formar alto rendimento . E eu quero formar vários padres Geans, eu quero formar cidadãos, pedagogos, gente de bem.

Para a terceira idade, existe também um programa de ginástica que acontece no pátio da igreja. São mais de 400 idosos beneficiados pelo programa oferecido na paróquia. - Tem uma galerinha aqui que estava afundada em uma cama em depressão.

O esporte é uma ferramenta de cura. Meu corpo é o templo do espírito, eu preciso cuidar desse sagrado que é o meu corpo para que eu possa desenvolver a espiritualidade. Não dá para desassociar - explica o padre.

Além de incentivar o esporte no Valo Velho, o próprio Gean também mantém o corpo ativo. Além de ser atleta do time de vôlei master do São Paulo, com rotinas de treinos e jogos, ainda faz exercícios físicos.

- A rotina de treinos na academia é necessária para o meu trabalho por conta da quantidade de missas. É uma coisa que eu não sabia, ficar bastante tempo em pé exige do corpo. Eu continuo jogando voleibol master no time do São Paulo, que tem impacto, e por isso o corpo tem que estar fortalecido. Tem que ter massa magra, tem que estar forte. Há 25 anos eu sofria preconceito, o religioso na academia era vaidade. Eu preciso entender - seja como atleta, seja como cidadão comum, seja como o sacerdote - a minha cabeça, corpo e espírito - finaliza.

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