Thalita Simplício voltou ao topo do pódio no Mundial Paralímpico de atletismo. Prata nas Paralimpíadas de Paris, a brasileira de 28 anos foi absoluta nos 400m T11 de Nova Déli - classe para pessoas cegas. Ela confirmou o favoritismo para faturar o tetracampeonato mundial e puxar o desempenho do Brasil nesta segunda-feira. A delegação verde-amarela conquistou mais duas pratas, com André Rocha no lançamento de disco F52 e Maria Clara Augusto nos 100m T47.
Com os resultados, o Brasil subiu no topo do pódio em todos os três dias do Mundial de Nova Déli. No quadro geral de medalhas, o Brasil foi ultrapassado pela China, caindo para a segunda posição pela diferença de um bronze. Brasileiros e chineses têm quatro ouros e sete pratas, mas os asiáticos têm três bronzes, contra dois verde-amarelos.
É tetra! É tetra! É tetra!
Thalita chegou a Nova Déli como a líder da temporada e confirmou o favoritismo dos 400m T11. Nas classificatórias, liderou com 1min01s76. Na final desta segunda-feira, a brasileira foi acompanhada pelo guia Felipe Veloso da Silva e controlou o ritmo na primeira metade da prova. A angolana Juliana Moko forçou muito e liderou até o início da última curva, mas não teve forças para segurar Thalita, que acelerou na reta final para levar o ouro com 59s76. Moko foi prata com 1min01s42.
Foi a nona medalha de Thalita em Mundiais. Ela ainda compete os 200m T11 em Nova Déli, prova em que é atual vice-campeã mundial. Thalita nasceu com glaucoma. Era baixa visão, mas, aos 12 anos, tornou-se totalmente cega. Ela sempre praticou esportes: natação, karatê e goalball. Começou no atletismo aos 15 anos em um projeto do Comitê Paralímpico Brasileiro.
É prata! É prata! É prata!
Maria Clara conquistou a primeira medalha do Brasil no dia. Ela tinha feito a melhor marca da carreira na classificatória dos 100m T47 (classe para pessoas com amputações nos membros superiores), completando a prova em 12s33. Na final, a atleta de 21 anos não teve uma boa largada, mas arrancou na segunda metade da prova para cruzar a linha de chegada na segunda posição, voltando a estabelecer melhor marca da carreira: 12s20. Só ficou atrás da equatoriana Kiara Rodriguez, ouro com 11s97.
Medalhista de bronze nas Paralimpíadas de Paris nos 400m T47, Maria Clara ainda vai disputar a prova em Nova Déli, assim como os 200m T47. A brasileira, que já tinha um bronze em Mundiais nos 400m, tem má-formação congênita no braço esquerdo, abaixo do cotovelo. Começou a praticar atletismo em um projeto da cidade onde morava, aos 11 anos.
Prata por quatro centímetros
André Rocha chegou ao Mundial como atual campeão mundial e buscando o tri do lançamento de disco F52 (classe para pessoas que competem em cadeira). Bronze nas Paralimpíadas de Paris, o brasileiro de 48 anos ficou a quatro centímetros do título. Com um lançamento de 19,29m na última tentativa, ele só não superou os 19,32m do letão Aigars Apinis, atual vice-campeão paralímpico.
André era policial militar e durante uma perseguição policial em 2005 caiu de um muro alto que ocasionou uma grave lesão na coluna lombar. Depois de complicações na cirurgia e uma nova e grave lesão na coluna cervical anos depois, ficou com lesões permanentes também nos membros superiores, tornando-se tetraplégico. Conheceu o esporte paralímpico em 2013, em um projeto da prefeitura de Taubaté.
Brasileiros avançam às finais
Nas classificatórias desta segunda-feira, Verônica Hipólito liderou sua bateria dos 100m T36 (classe para pessoas com paralisia cerebral ou lesões similares). A atleta de 29 anos completou a prova em 14s64, terceiro melhor tempo entre as garantidas na decisão.
Os brasileiros confirmaram o favoritismo nos 1.500m T11 (classe para pessoas cegas) e lideraram as duas baterias de ponta a ponta. Atual campeão paralímpico e recordista mundial da prova, Yeltsin Jacques teve a melhor marca: 4min08s94. Júlio Cesar Agripino ficou com o segundo melhor tempo geral: 4min09s51.
Alan Fonteles se garantiu na final dos 100m T64 (classe para pessoas com amputações nos membros inferiores). O atleta de 33 anos, campeã paralímpico em Londres 2012, vai buscar a oitava medalha em Mundiais. Ele faz sua melhor prova da temporada com 11s06 mesmo pisando no freio nos metros finais, quando percebeu que estava atrás apenas do recordista mundial da classe T62 (biamputados), líder com 10s71. Na mesma prova, Wallison Fortes ficou fora da final, com 11s50.
Nos 400m T20 (para pessoas com deficiência intelectual), Daniel Martins avançou à decisão com o quinto melhor tempo: 48s42. O campeão das Paralimpíadas do Rio 2016 não vai contar com a companhia de Samuel Conceição na decisão. O atual campeão mundial e recordista mundial parou na classificatória, com 50s15, 10º colocado.
Mais quatro brasileiros garantiram vaga nas finais: Jean Oliveira da Silva nos 1.500m T13 (para pessoas com baixa visão), Fabrício Ferreira nos 100m T13, Matheus de Lima nos 100m T44 (para pessoas com deficiência nos membros inferiores sem a utilização de prótese) e Henrique Caetano nos 200m T35 (para pessoas com paralisia cerebral ou com lesões similares).