Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitem reservadamente que há um desgaste político para ele e para o seu grupo político com o aumento da sobretaxa para 50% sobre produtos importados do Brasil imposto na quarta-feira (9/7) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Há uma avaliação entre os aliados de Bolsonaro de que, por ora, o governo Lula (PT) tem conseguindo emplacar o discurso de que o ato fere a soberania do país. Embora haja incerteza em torno das consequência econômicas e políticas da decisão de Trump, bolsonaristas já buscam blindar o ex-presidente da crise.
A CULPA É DO LULA
Entrou em curso uma ofensiva para dizer que a tarifa de 50% aplicada por Trump é culpa de Lula, não de Bolsonaro ou mesmo do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que trabalha junto a autoridades dos EUA por sanções a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Nas redes sociais e no plenário da Câmara dos Deputados, parlamentares usaram à exaustão a frase "a culpa é do Lula". O argumento passa pela ideia de que o presidente não soube criar relação diplomática com a gestão de Trump.
Bolsonaristas, porém, tomaram o cuidado de não expor comemorações com a medida, e inclusive lamentá-la - ainda que enxerguem como uma vitória o que apontam como alinhamento de Trump ao que eles têm defendido na esfera internacional.
NA MESMA LINHA, TARCÍSIO DE FREITAS ACUSA LULA
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse em suas redes sociais que "a responsabilidade é de quem governa" e que "Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado".
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cotado para disputar a Presidência contra o atual presidente em 2026, o governador paulista afirmou que a decisão de Trump é resultado de alinhamento do Brasil a países autoritários e defesa da censura, acrescentando que o governo petista não pode jogar a culpa no seu antecessor.
Em entrevista ao G1, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), também comentou o posicionamento do governador de São Paulo e disse que ele é candidato a “vassalo”.
"O governador [Tarcísio] errou muito. Porque ou bem uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico", afirmou.