O Brasil deu um passo decisivo rumo à independência no setor farmacêutico com a inauguração, da nova planta da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana (PE), com investimento de R$ 1,9 bilhão na unidade, responsável por produzir medicamentos vitais a partir de plasma humano coletado em doações voluntárias.
Hemoderivados são medicamentos produzidos em escala industrial a partir do fracionamento do plasma humano, um processo que isola e concentra proteínas específicas,
MEDICAMENTOS ESTRATÉGICOS
Com a entrada em operação, a Hemobrás vai fabricar, a partir do plasma humano, medicamentos de alto custo como Albumina, Imunoglobulina e Fatores de Coagulação VIII e IX. Esses insumos são fundamentais no tratamento de queimaduras graves, hemofilias, doenças raras, internações em UTI e grandes cirurgias.
O ministro Alexandre Padilha comemorou o impacto para o Sistema Único de Saúde (SUS). "Hoje celebramos o S da saúde, do SUS, da segurança e da soberania. A Hemobrás mostra a força e o potencial do Nordeste brasileiro, garantindo medicamentos essenciais para salvar vidas", disse.
Segundo a presidente da estatal, Ana Paula Menezes, o impacto vai além da produção. "A nova planta de hemoderivados não é apenas uma fábrica de medicamentos, é uma fábrica de cidadania. O plasma doado voluntariamente volta em forma de medicamentos essenciais, garantindo soberania, justiça social e autonomia", afirmou.
CAPACIDADE E METAS
Em 2024, a Hemobrás entregou um recorde de 552 mil frascos de hemoderivados e 870 milhões de Unidades Internacionais de medicamentos recombinantes ao SUS. Com a nova planta, a previsão é fracionar até 500 mil litros de plasma por ano e fabricar seis tipos de medicamentos, reduzindo drasticamente a dependência externa.
O plano é escalonar a produção até que, em 2027, o Brasil alcance a fabricação 100% nacional de pelo menos seis hemoderivados — incluindo Albumina, Imunoglobulina, Fator VIII e IX plasmáticos, complexo protrombínico e Fator de Von Willebrand. Mais de 30 mil pessoas com coagulopatias serão diretamente beneficiadas, além de milhões de brasileiros que necessitam de tratamentos com albumina e imunoglobulina.
SEGURANÇA SANITÁRIA E FORTALECIMENTO DO SUS
O complexo industrial conta agora com os blocos B02 e B03, responsáveis pelo fracionamento, envase e liofilização do plasma. A qualificação de processos começa imediatamente, com previsão de que, já no próximo ano, o plasma seja fracionado em território nacional.
Atualmente, a Hemobrás coleta plasma excedente de 72 hemocentros públicos e serviços de hemoterapia em todo o país. Antes, esse material era enviado ao exterior para processamento. Agora, a iniciativa impulsiona a indústria de biotecnologia nacional e fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde.