As derrotas de Kalil Baracat em Várzea Grande e Eduardo Botelho em Cuiabá, alteraram o cenário interno da composição das forças que hegemonizam o poder político em Mato Grosso. Um cenário de vitória nas duas cidades poderia abrir espaços para contemplar as pretensões do senador Jayme Campos de disputar o governo, e simultaneamente acomodar o projeto do governador Mauro Mendes de concorrer ao Senado. Porém, as derrotas em Cuiabá e Várzea Grande fragilizaram a candidatura de Jayme Campos, que por isso deixa de contar com sustentação política e eleitoral para garantir o projeto de concorrer na eleição para governador em 2026.
Além do mais, pesa no enfraquecimento do senador a articulação do ex-presidente, Jair Bolsonaro, na busca por compor uma chapa ao Senado, formada por Mauro Mendes (UB) e José Medeiro, deputado federal (PL). Arranjo que sacramentaria uma aproximação do governador com o PL e distanciamento do senador Jayme Campos. Sem cacife para disputar o governo do estado, Jayme Campos também não teria espaço para disputar a reeleição, uma vez que o governador é candidato declarado ao Senado e detém o controle do União Brasil (UB) em Mato Grosso.
Outra variável componente do cenário político para 2026, em relação à composição do bloco governista, incide na pretensão do vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos), de candidatar-se ao Governo do Estado, na sucessão de Mauro Mendes. Legalmente Mauro Mendes será obrigado a renunciar ao cargo de governador, o que torna mais conveniente alinhar-se ao projeto eleitoral do vice Otaviano Pivetta (Republicanos) objetivando preservar o apoio da Máquina Pública. Com a composição da candidatura de Mauro Mendes (UB) num acordo com o deputado federal José Medeiros (PL) para o Senado, e Otaviano Pivetta (Republicanos) ao governo, não existiria espaço político para Jayme Campos no bloco governista.
É de se esperar, que dispondo das pré-candidaturas do senador Welligton Fagundes e do empresário do agronegócio Odílio Balbinotti, que pretende filiar-se ao partido para concorrer ao cargo de governador, que o PL apóie não Pivetta, mas mesmo assim o caminho se encontra livre para o alinhamento com o projeto do governador Mauro Mendes.
Para completar, o senador Jayme Campos coleciona desgaste político com Flávia Moretti e Abílio Brunini, prefeitos eleitos por Várzea Grande e Cuiabá, cidades que juntas concentram 635.932 eleitores – 24,5% (quase um terço) dos 2.588.457 eleitores em Mato Grosso. A situação política em Várzea Grande é de enfrentamento entre o grupo político liderado pelo senador Jayme Campos com a prefeita eleita Flávia Moretti. Em relação ao prefeito eleito de Cuiabá, o senador teceu duras críticas ao comportamento de Abílio Brunini na Câmara dos Deputados, afirmando que as atitudes dele (Abílio) nas comissões e plenário da Casa, são atos que nenhum cidadão de bem espera do seu parlamentar. E na véspera do segundo turno da eleição em Cuiabá, Jayme Campos, mesmo sem prestar apoio explícito à Lúdio (PT), disse torcer para que a população cuiabana escolhesse um bom candidato para prefeito e não um “falastrão”.
A realidade é que uma aproximação ao PL passou a representar aliança estratégica para as pretensões eleitorais do governador Mauro Mendes, após as vitórias dos liberais nas eleições em 21 municípios, incluindo Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop e Primavera do Leste, cidades pólos que concentram colégios eleitorais representativos. Considerando que Mauro Mendes, na condição de governador, controla o União Brasil (UB), que venceu em 61 municípios, o desenho do painel eleitoral aponta para a perspectiva de uma aliança do governador Mauro Mendes com o Partido Liberal (PL), para a disputa de uma das vagas ao Senado em 2026, independentemente de apoiar Otaviano Pivetta na eleição para o governo do estado.