Ainda em processo de consolidação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a federação entre União Brasil e PP, batizada de União Progressista, acumula baixas e conflitos locais que ameaçam sua viabilidade antes mesmo da formalização.
A federação, articulada pelos presidentes partidários Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União), enfrenta resistência interna e críticas públicas de líderes, como o governador Ronaldo Caiado (União-GO). Para esse grupo, a avaliação é que o projeto acabou amplificando rivalidades locais e acelerando saídas.
Dirigentes dos dois partidos reconhecem as dificuldades, mas avaliam que desfiliações e debandadas são naturais quando duas legendas grandes se unem e que, ao mesmo tempo que há saídas, novos quadros serão atraídos para os dois partidos.
O pedido para que a aliança seja formalizada está em estágio inicial e ainda não há um relator definido no TSE. Para valer em 2026, a federação precisa ter o aval da Corte a pelo menos seis meses da eleição, ou seja, em 4 de abril do ano que vem. A perspectiva dos dirigentes dos partidos é que a autorização saia até lá.
Mesmo com as disputas regionais, as cúpulas nacionais das duas legendas dizem que a federação irá se concretizar e que a aliança entre União e PP será benéfica para as duas legendas. Mas há contestação.
ESTADOS NOS QUAIS HÁ DISPUTAS:
Paraná: Dois dos principais nomes da bancada ruralista romperam com o bloco. Pedro Lupion deixou o PP e se filiou ao Republicanos, com aval de Tarcísio de Freitas. Já o deputado Felipe Francischini também deve deixar o União e migrar para o Podemos. Pano de fundo é a pré-candidatura de Sergio Moro ao governo estadual.
Rio de Janeiro: O diretório do União no estado concentra várias alas internas e abriga tanto aqueles que querem uma candidatura contra Eduardo Paes, quanto quem negocia apoio ao prefeito. O PP do Rio tem uma maior coesão interna, mas também não decidiu o rumo que irá tomar na eleição estadual.
São Paulo: Ex-presidente da Câmara Municipal da capital, Milton Leite (União), atual vice-presidente nacional da legenda, reivindica o comando estadual do bloco. Já o deputado Maurício Neves , presidente da executiva paulista do PP, também afirma contar com apoio para chefiar a estrutura.
Paraíba: O deputado Mersinho Lucena (PP) cogita deixar o partido. Seu pai, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, já se filiou ao MDB, ampliando o racha interno. Em outro sinal de rusga, o senador Efraim Filho (União) quer ser candidato a governador, enquanto o PP pretende lançar o vice-governador Lucas Ribeiro.
Acre: A convivência entre o senador Alan Rick (União) e o grupo do governador Gladson Camelli (PP) é considerada “insustentável”. Em meio à crise, lideranças estaduais do bloco deixaram de participar de reuniões conjuntas, e aliados próximos dizem que Rick cogita se filiar ao Republicanos caso o impasse persista.


