As pessoas com renda familiar de 2 a 5 salários-mínimos, se mostraram o segmento com mais torcedores que apostam (20,3%), seguidos de pessoas com 1 a 2 salários mínimos (17%) e de mais de 5 salários mínimos, com 15,8%. Na faixa salaria mais baixa, de até 1 salário, ocorre uma diferença: são menos apostadores (12,7%), mas que apostam com mais frequência.
O Centro-Oeste tem proporcionalmente a maior quantidade de apostadores (20,30%), mas os nordestinos foram os torcedores que mais afirmaram sempre estar na jogatina: 4,3%, contra os 3,8% do Norte/Centro-Oeste. O Sudeste vem na sequência com 2,2%, e o Sul fecha não apenas como a região que tem menos apostadores assíduos (1,8%), como com a maior quantidade de torcedores que rejeitam apostar (86,8%).
Ampliando o mapa para a condição dos municípios, é possível notar que o interior é onde fica a maior parcela dos apostadores (17,30%, a soma total dos torcedores que apostam deste segmento). A falta de diversidade de eventos culturais nestes locais pode ser um dos fatores para regiões menores estarem com destaque na quantidade de apostadores, aponta o pesquisador Emílio Tazinaffo. — A gente entende que a aposta é mobilizada para o prazer. Em cidades pequenas, quais são outras possibilidades de prazer ou distração? — diz o especialista.
“GAMEFICAÇÃO”
As apostas voltadas para o futebol não geram grande engajamento entre as mulheres: enquanto homens chegam a 22,9% dos apostadores, as mulheres não são nem a metade, ficando em 8%.
Entre jovens, no entanto, as bets são um sucesso. O estudante de medicina Antônio Gomes Júnior, de 24 anos, passou a apostar após ver amigos jogando e admite que se empolgou, mas com o tempo foi se controlando na jogatina.
— Na primeira semana, ganhei 500 reais e fiquei com o pensamento de que tinha que ganhar — diz ele, que “tomou juízo”. — Hoje em dia, não. Jogo por diversão, mais tranquilo.
De acordo com a pesquisa, jovens entre 16 e 24 anos apostam com muito mais frequência que outras idades. A faixa etária mais jovem da pesquisa tem um número de apostadores muito semelhante aos adultos entre 25 e 44 anos — 25,5% contra 24,4%, respectivamente. Eles são seguidos pelos adultos de 35 a 44 anos (15,90%); de 45 a 59 anos (11,90%) e 60 + anos, com 3,50%.
Mas quando se compara os torcedores com hábito de sempre apostar, a diferença é um abismo: os jovens têm mais que o dobro em pontos percentuais (7,2%) do que a faixa etária seguinte (3,3%). O valor ainda vai diminuindo conforme a idade.
Para Tazzinafo, além do desejo de ascender economicamente com apostas, a gameficação de conceitos da jogatina durante a pandemia foi parte do que influenciou os jovens adultos a mergulharem nas apostas.
“O adolescente tende a imitar o outro; é através da interação social que eles vão se desenvolvendo. Na pandemia, tudo isso ficou muito restrito à internet, eles passaram a usar os jogos para manter contato”, diz o pesquisador. “Grande parte destes tem confluência com comportamentos de aposta”, concluiu.
Editoria de Artes do Globo A pesquisa foi realizada pela Ipsos-Ipec entre 5 e 9 de junho de 2025. Foram entrevistadas 2000 pessoas com 16 anos ou mais em 132 municípios brasileiros. Com nível de confiança de 95%, a margem de erro estimada para o total da amostra é de 2,2 pontos percentuais. Em alguns recortes, a soma pode ser maior que 100% porque foram considerados dois times como preferência.