Na terça (2/9), a cúpula da federação anunciou que políticos com mandato que ocupam cargos na Esplanada sair do governo até o dia 30 de setembro, sob pena de serem expulsos.
Na manhã de terça, integrantes dos dois partidos diziam que a decisão afetaria todos os filiados. À tarde, no entanto, o anúncio lido pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, falava apenas nos "detentores de mandatos", abrindo brechas para a manutenção de indicações políticas.
O desembarque mirou a saída dos ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), deputados federais licenciados do União Brasil e do PP, respectivamente. O União Brasil tem outros dois indicados na Esplanada petista: Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações).
Os dois últimos chegaram ao comando das pastas pelas mãos do presidente do Senado, David Alcolumbre (União Brasil-AP), considerado um dos principais aliados do Planalto no Congresso, e não deverão deixar os cargos. A cúpula da sigla alega que são da cota pessoal do senador, mas outros parlamentares mantêm aliados em secretarias e cargos estaduais.
O PP, além da pasta do Esporte, tem o comando da Caixa Econômica Federal, com Carlos Vieira. Ele foi indicado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e também deverá permanecer no cargo, assim como alguns vice-presidentes apoiados pelo centrão.
Os dois partidos da federação têm ainda indicações em órgãos ligados aos ministérios, além de nomes em cargos federais nos estados, como superintendências, e não pretendem abrir mão desses postos.
Um dos que deverá permanecer é o presidente da Codevasf, Lucas Felipe de Oliveira, apadrinhado por Alcolumbre. A empresa é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional e ficou conhecida como "estatal do centrão" durante o governo Bolsonaro (PL), por ser utilizada para irrigar as bases eleitorais dos deputados e senadores com obras e máquinas por meio de emendas parlamentares.
Deputados e senadores desses partidos também emplacaram aliados em cargos e superintendências estaduais de órgãos como a Caixa, a Codevasf, o Correios e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), além de postos de confiança em autarquias como o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
“QUEM PERMANECER DEVE TER COMPROMISSO COM O PRESIDENTE LULA”, DEFENDE GLEISI HOFFMANN
Em sua rede social, no X, antigo Twitter, Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, manifetou: “Respeitamos a decisão da direção da Federação da UP. Ninguém é obrigado a ficar no governo. Também não estamos pedindo para ninguém sair. Mas quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como justiça tributária, a democracia e o estado de direito, nossa soberania. Precisam trabalhar conosco para aprovação das pautas do governo no Congresso Nacional. Isso vale para quem tem mandato e para quem não tem mandato, inclusive para aquelesque indicam pessoas para posições no governo, seja na administração direta, indireta ou regionais”.