O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou neste domingo (23/11) que espera oficializar, no dia 20 de dezembro, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, tratado negociado há mais de duas décadas e considerado o mais amplo já firmado pelos dois blocos.
A informação foi divulgada durante conversa com jornalistas em Johannesburgo, na África do Sul, durante a programação da Cúpula do G20, e tem como base reportagem original publicada por Dimitrius Dantas, em Brasília.
Segundo Lula, a assinatura deve ocorrer durante a Cúpula dos Líderes do Mercosul, marcada para Foz do Iguaçu, no Paraná, quando o Brasil ainda exercerá a presidência do bloco sul-americano.
O presidente afirmou que pretende encerrar sua agenda internacional de 2025 já preparando o anúncio oficial: “Eu regresso para o Brasil, onde eu pretendo não viajar mais esse ano, a não ser ou pra Brasília, ou pra Foz do Iguaçu, para assinar o acordo Mercosul-União Europeia que eu penso que vai ser assinado dia 20 de dezembro”, declarou.
UM TRATADO DE IMPACTO GLOBAL
O acordo Mercosul-União Europeia é visto por especialistas e autoridades como um marco comercial de grandes proporções, capaz de criar uma área de livre comércio entre América do Sul e Europa, eliminando tarifas de importação sobre uma ampla gama de produtos. Na prática, o tratado abriria espaço para maior competitividade de produtos agropecuários do Mercosul no mercado europeu, enquanto países da União Europeia teriam vantagens para exportar bens industriais ao Brasil e aos demais integrantes do bloco sul-americano.
Lula classificou o entendimento como um momento histórico não apenas para o Brasil, mas para todos os envolvidos, chamando-o de “maior acordo comercial do mundo” e destacando que os benefícios econômicos serão construídos de forma gradual após a assinatura. “E depois que assinar o acordo vai ter muita tarefa para começar a usufruir das benesses desse acordo, mas vai ser assinado”, afirmou.
RESISTÊNCIAS E IMPASSES
Apesar do otimismo demonstrado pelo governo brasileiro, o tratado foi alvo de impasses nos últimos anos, sobretudo pela pressão de setores agrícolas em países europeus.
Na França, agricultores e grupos políticos temem perder competitividade diante do agronegócio sul-americano, o que levou o presidente Emmanuel Macron a adotar freios e condições adicionais às negociações para evitar desgaste interno.
Lula, no entanto, minimizou as resistências e ressaltou que o tratado é firmado entre blocos, e não com governos individualizados: “Eu não estou fazendo acordo com a França, estou fazendo acordo com a União Europeia, que tem tanto o presidente da Comissão, como a secretaria Ursula von der Leyen, como negociadores.
Eu posso lhe garantir que no dia 20 de dezembro estarei assinando o acordo União Europeia-Mercosul”, disse.
PRÓXIMOS PASSOS
Se confirmado, o acordo deverá inaugurar uma nova fase de integração econômica entre os continentes e poderá redefinir cadeias produtivas e parcerias comerciais estratégicas.
Especialistas avaliam que, embora a assinatura represente um marco, o processo de implementação exigirá novas rodadas técnicas, revisão de regras tarifárias e adaptação de setores produtivos de ambos os lados.
O governo brasileiro aposta que o tratado reduzirá barreiras comerciais, ampliará oportunidades para exportadores nacionais e fortalecerá a posição do país no cenário geopolítico internacional.
A expectativa agora se concentra na reunião de dezembro, vista como decisiva para destravar um processo que já dura mais de 20 anos.


