Na última sexta-feira (1/8), Trump afirmou que Lula pode falar com ele "quando quiser". O presidente brasileiro respondeu dizendo estar aberto ao diálogo.
Segundo interlocutores do governo, em torno do tarifaço de 50% que passará a valer a partir desta quarta-feira (6/8), é preciso saber se Trump está disposto a manter o foco na relação comercial bilateral, sem utilizar a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro como instrumento de pressão.
A partir disso, haveria uma preparação prévia, nos bastidores, sobre os temas a serem abordados, quem faria a ligação e quando ela ocorreria.
O assunto ganhou força, nesta segunda-feira (4/8), após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decretar prisão domiciliar de Bolsonaro, por considerar que o ex-presidente descumpriu suas determinações. Integrantes do governo envolvidos no tema evitaram comentar a decisão de Moraes — que desde a semana passada é alvo de sanções econômicas pelos EUA —, mas asseguraram que a posição do Brasil em uma negociação com os EUA não vai mudar, mesmo se a pressão de Trump para incluir o Judiciário brasileiro nas conversas aumente.
O governo não se sente obrigado a dar uma resposta imediata à opinião pública. A principal preocupação neste momento é com os setores econômicos afetados pelo tarifaço.
Desde o dia 9 de julho, quando Trump divulgou uma carta anunciando a sobretaxa de 50% e acusando Alexandre de Moraes, de perseguir Bolsonaro, a crise — inicialmente comercial — ganhou contornos políticos. Por essa razão, a percepção no Itamaraty é que a decisão agora está nas mãos da Casa Branca.