Em artigo publicado no portal Metrópoles no dia 9 de julho de 2025, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu faz uma grave denúncia contra a família Bolsonaro, acusando-a de traição e conspiração contra o Brasil, ao se aliar ao ex-presidente norte-americano Donald Trump em uma tentativa de chantagem ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Dirceu, a carta enviada por Trump ao governo brasileiro, tentando interferir no julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, é um marco histórico negativo que expõe a submissão de lideranças brasileiras a interesses estrangeiros.
“Bolsonaro e seus filhos Flávio e Eduardo devem ser processados por traição e conspiração contra a segurança, o interesse nacional, a economia e o bem-estar do Brasil e do povo brasileiro”, escreve Dirceu.
CONLUIO CONTRA O BRASIL
O artigo destaca a ação coordenada entre os filhos do ex-presidente e Donald Trump, apontando que a carta-chantagem foi precedida por manifestações públicas de Eduardo Bolsonaro, que antecipou que “novidades” viriam dos Estados Unidos, e depois apareceu lendo exigências como se estivesse “exibindo condições para libertar um sequestrado”, sendo este “o seu próprio país”.
Flávio Bolsonaro, por sua vez, comparou a situação do Brasil à rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, numa analogia que, para Dirceu, demonstra “vassalagem” diante dos EUA. Para ele, está claro que a única preocupação da família Bolsonaro é a anistia, ainda que isso custe a submissão do país a interesses estrangeiros.
INTERESSES IMPERIAIS POR TRÁS DA CHANTAGEM
Dirceu relaciona o movimento de Trump a interesses geopolíticos mais amplos: enfraquecer os BRICS, interferir em decisões do STF contra as big techs e reforçar um projeto de presidência imperial baseado em doutrinas ultrapassadas como a Doutrina Monroe e o Destino Manifesto. Nesse contexto, a ameaça tarifária aos produtos brasileiros se torna uma arma política.
“Trump quer atendê-los, mas tem outras intenções”, alerta Dirceu, mencionando a tentativa de barrar a nova ordem internacional e manipular as redes digitais como instrumento da extrema-direita.
O silêncio das elites e o despertar forçado
O autor critica duramente a conivência das elites brasileiras — especialmente financeiras e agrárias — com o bolsonarismo, apontando que essas classes ignoraram a estadia ilegal de Eduardo Bolsonaro nos EUA, o financiamento do 8 de janeiro e os sinais de tentativa de intervenção externa nas eleições de 2026.
Segundo Dirceu, a imposição de tarifas comerciais gravíssimas por Trump pode ter sido o gatilho para que parte dessas elites finalmente reagisse. Ele cita a paralisação da exportação de pescados, com 58 contêineres frigoríficos impedidos de embarcar, como exemplo das perdas econômicas já em curso.
RESPOSTA DE LULA E NECESSIDADE DE UMA ESTRATÉGIA NACIONAL
Dirceu elogia a resposta do presidente Lula, que repudiou a chantagem internacional, defendeu a soberania brasileira e anunciou medidas diplomáticas e comerciais de retaliação. Entre elas, a criação de um comitê com empresários e o estudo da aplicação da Lei da Reciprocidade.
“Mais do que nunca o Brasil precisa equilibrar-se entre a ascensão da China e do Sul Global [...] e nossas históricas relações com os EUA e a Europa”, ressalta Dirceu.
Ele defende a construção de uma estratégia nacional que una empresários, trabalhadores e diferentes setores políticos em torno de um projeto de desenvolvimento soberano, liderado por Lula.
TARCÍSIO E A DIREITA COMO SÓCIOS DO CRIME DE LESA-PÁTRIA
No trecho final do artigo, Dirceu também critica o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por apoiar publicamente Trump mesmo após as ameaças ao Brasil. Segundo ele, Tarcísio transformou uma questão comercial em plataforma ideológica e pagará um alto preço por esse “crime de lesa-pátria”.
“Hoje parece claro que quem está com Trump está contra o Brasil”, conclui Dirceu, defendendo uma união ampla em defesa da democracia, da soberania e contra os traidores da pátria.