As instituições financeiras projetam que a Selic (taxa básica de juros) permanecerá nos estratosféricos 15% no final de 2025, conforme o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), nesta segunda-feira (3/11).
A penúltima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ocorre na terça e quarta (4 e 5/11) desta semana, com o mercado financeiro pressionando para que o colegiado, chefiado por Gabriel Galípolo, não realize cortes nos juros base este ano, ao contrário da posição de empresários produtivos, economistas progressistas, parlamentares e governo, que defendem a imediata redução no nível da Selic, em prol da retomada do crescimento econômico.
R$ 984,8 BILHÕES PARA BANCOS E ESPECULADORES
Enquanto a taxa básica de juros não for reduzida, o juro real (descontada a inflação esperada) seguirá acima dos 10% ao ano, o que é um desastre para indústria, comércio e serviços, que mês a mês veem seus indicadores desacelerarem junto à economia do país.
No acumulado em doze meses até setembro, o gasto do setor público (União, Estados, municípios e estatais) atingiu a soma de R$ 984,8 bilhões (quase 8% do PIB), o que resultou em uma transferência do citado valor para bancos e rentistas.
“Por que correr riscos investindo em produção no Brasil quando é possível obter, sem esforço, rendimento real de 10% ao ano aplicando no mercado financeiro?”, questionou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, em seu artigo, que foi reproduzido no jornal “O Globo” no dia 6 de outubro de 2025. “Esse modelo condena o país a andar de lado – ou de marcha à ré – sob a miopia de uma única e cruel ferramenta de política monetária. Quantas economias, mesmo com inflação incômoda e quadro fiscal delicado, impõem a seus cidadãos uma taxa real de juros de 10%?”, indagou o empresário.
JUROS DEVASTADORES PARA A ECONOMIA E VIDA DA POPULAÇÃO
“Os juros podem parecer invisíveis, mas seus efeitos são palpáveis e devastadores: encarecem o alimento na mesa, o crédito no banco, o investimento na fábrica e diminuem a esperança de um emprego digno”, alertou Alban.
No terceiro trimestre deste ano, os lucros dos maiores bancos privados voltaram a crescer, após um primeiro semestre vigoroso, graças ao aumento dos juros realizados pelo BC, com a justificativa de combate à inflação, que está controlada e baixa. No acumulado do ano até setembro – dado mais recente, o IPCA acumula alta de 3,64%.
Caso se confirme a projeção, os três principais bancos privados do Brasil somaram juntos um lucro de RS 22 bilhões entre julho e setembro deste ano. No primeiro semestre deste ano, os três, juntos, somaram um lucro de R$ 42 bilhões, alta de 19,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando somaram R$ 35,1 bilhões.


