A fotografia da inadimplência no Brasil, até agosto, mostra que 78,8 milhões de famílias estão endividadas, mesmo com o recorde de vagas de trabalho formal e de renda média, mostram dados do Serasa. Afinal, como chegamos até aqui?
Este retrato estático tem por trás, como um dos principais fatores, a escalada de juros acelerada que foi de 2%, em agosto de 2020, para 15% em outubro de 2025, o que encareceu o pagamento das dívidas em atraso. Exemplo são os juros no rotativo do cartão de crédito que chegam a 451% ao ano.
Cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 6.267,69 e o valor médio de cada uma dessas dívidas é de R$ 1.578,23, ou seja, cada inadimplente tem cerca de quatro dívidas negativadas em seu nome.
EM 2026 JURO SEGUIRÁ COMPROMENTENDO CRÉDITO E RENDA
A tendência é este cenário se prolongar, e a perspectiva para 2026 não é lá muito animadora. Embora o ciclo de cortes da Selic esteja à frente, a taxa básica de juros deve encerrar o próximo ano em torno de 12%, patamar ainda elevado, que seguirá comprometendo crédito e renda e, possivelmente, impactando até na geração de empregos, que tende a desacelerar no ano que vem.
O economista Flávio Ataliba Barreto, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), aponta que o endividamento das famílias saltou de 58% em janeiro de 2017 para 79% agora. Quase 8 a cada 10 famílias estão endividadas e um grande número sem perspectiva de quitar os débitos.
O QUE FAZER?
As famílias tem impacto direto na atividade econômica, já que elas são responsáveis pelo consumo de 62% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. E se elas tiverem menos dinheiro disponível também vão consumir menos. “Se o consumo das famílias está estrangulado, é bem provável que tenhamos dificuldade de continuar crescendo nos próximos anos”, afirma.
Diante desse cenário, o economista sugere para 2026 refazer o planejamento, pagar dívidas, evitar o cartão de crédito, comprar à vista e construir uma reserva de emergência para lidar com imprevistos sem se endividar.


