Cuiabá, 01 de Outubro de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,34
Cuiabá, 01 de Outubro de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,34
Logomarca
facebook instagram twitter whatsapp

Política Terça-feira, 30 de Setembro de 2025, 08:24 - A | A

Terça-feira, 30 de Setembro de 2025, 08h:24 - A | A

Dados estatísticos demonstram a decadência do ensino público no Brasil

Em dez anos, aprendizagem no Ensino Médio encolhe e desigualdade cresce. Segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, a proporção de estudantes com aprendizagem adequada em Língua Portuguesa e Matemática caiu de 8,3% em 2013 para 7,7% em 2023

Da Redação

Uma década depois, menos jovens concluem o Ensino Médio com aprendizado adequado em português e matemática. É o que revela o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, lançado na quinta-feira da última semana (25/9).

Em 2023, apenas 7,7% dos estudantes atingiram o nível esperado nas duas disciplinas. Em 2013, eram 8,3%. O dado também mostra que a aprendizagem não voltou ao patamar pré-pandemia: em 2019, antes da crise sanitária, o índice era de 10,3%. Os números vêm do Saeb 2023 e incluem redes públicas e privadas.

“Estamos diante dos níveis de aprendizagem de estudantes de terceiro ano do Ensino Médio, que passaram o nono ano do Ensino Fundamental e o primeiro ano do Ensino Médio, praticamente todo de forma remota”, pontua Natália Fregonesi, coordenadora de políticas educacionais do Todos Pela Educação, organização responsável pela publicação juntamente com a Fundação Santillana. “São alunos que perderam muito o desenvolvimento nesses dois anos de pandemia”.

Para especialistas, a recuperação exige políticas que priorizem a gestão pedagógica: um currículo bem estruturado, materiais didáticos de qualidade e alinhados às metas de aprendizagem, além de formação continuada consistente para professores. Ela alerta ainda para a fragilidade da formação inicial no Brasil.

O anuário também chama a atenção para a explosão do ensino a distância (EAD) na formação docente. Em dez anos, a fatia de concluintes nessa modalidade passou de 31% para 64%. Hoje, 61% das matrículas estão em instituições privadas EAD, enquanto 26% permanecem em cursos presenciais de universidades públicas.

APRENDER TAMBÉM DEPENDE DA RENDA

 

Se preparar para o futuro começa com uma base escolar sólida — e o desempenho das escolas pagas no Enem pode ser um ótimo indicativo da qualidade do ensino

Se preparar para o futuro começa com uma base escolar sólida — e o desempenho das escolas pagas no Enem pode ser um ótimo indicativo da qualidade do ensino

Os índices de aprendizagem também oscilam de acordo com o percentual de renda dos estudantes, evidenciando que o combate à desigualdade socioeconômica é fator fundamental na promoção de uma educação igualitária. Entre os 20% mais ricos, a taxa de aprendizagem adequada chegou a 16,3%; enquanto os 20% mais pobres foi de 2,4%.

“É fundamental que as redes atuem ininterruptamente na elaboração de diagnósticos de seus estudantes, para entender quem são eles [os alunos], onde estão essas lacunas de aprendizagem, e ir ofertando esses programas de recomposição”, defendeu. “Não dá para esperar que o estudante chegue ao final de uma etapa escolar, no nono ano, por exemplo, para então tentar recuperá-lo”.

Há, no entanto, dados positivos para a etapa escolar. No período, houve uma diminuição importante na taxa de distorção idade-série (estudantes com dois ou mais anos de atraso): de 28,2% em 2014, para 17,8%, em 2024. O melhor estado nesse quesito é São Paulo, com apenas 9,5%.

O abandono também diminuiu em 2024: desde 2014, a taxa de jovens com 19 anos que concluíram o Ensino Médio passou de 55% para 71%, alcançando melhores patamares da série histórica.

SÉRIOS PROBLEMAS DE INFRAESTRUTURA

Foto: Secom-MT

Simbolizando a situação precária das instalações físicas de muitas escolas públicas, a Seduc-MT fechou a Escola Estadual Liceu Cuiabano, a mais tradicional de Cuiabá, para reforma

Simbolizando a situação precária das instalações físicas de muitas escolas públicas, a Seduc-MT fechou a Escola Estadual Liceu Cuiabano, a mais tradicional de Cuiabá, para reforma

Dados também mostram que o universo de 179.286 escolas ainda enfrentam problemas de infraestrutura. Apenas 79% das escolas são atendidas por serviço de coleta de lixo e somente 48,2% estão conectadas a rede pública de esgoto. Entre as regiões do Brasil, os números são mais baixos no Norte; a água potável está presente em 62,9% dos estabelecimentos no Acre, no estado de Roraima, apenas 72,3% contam com banheiros.

Também há déficit na oferta de espaços como bibliotecas e salas de leitura, presentes em 47,2% das escolas públicas; quadras de esporte, em 37% delas; e laboratórios de informática (27%).

Outro dado que chama a atenção é que apenas 38,7% das escolas públicas possuem climatização, realidade especialmente preocupante diante da mudança climática em curso.

O anuário defende que a agenda educacional carece de prioridade política e social, com uma abordagem multidimensional, envolvendo ações econômicas, de informação e de reforço nos instrumentos de proteção social.

Comente esta notícia

Canais de atendimento

Informações e Comercial
contato@agendamt.com.br
Telefones de Contato
+55 (65) 992024521
Endereço
Rua Professora Enildes Silva Ferreira, 8 QD 3 sala B - CPA III, Cuiabá/MT 78000-000
Expediente
Jornalista: Adalberto Ferreira
MTE 1.128/MT