O Brasil acaba de alcançar a marca de mais de 102 milhões de pessoas ocupadas, segundo o IBGE – o maior número da série histórica.
A taxa de desemprego caiu para 5,8%, no segundo trimestre, resultado que, em aparência, deveria ser motivo de celebração. No primeiro trimestre era 7%. No entanto, quando se olha além dos números, o quadro é menos alentador: informalidade, rotatividade e baixos salários continuam sendo a regra no mercado de trabalho brasileiro.
Por trás da queda no desemprego, os postos de trabalho são majoritariamente precários, intermitentes e mal remunerados. Os recordes na geração de empregos escondem as desigualdades.
O trabalhador volta a ter ocupação, mas não necessariamente emprego digno. A renda média real segue estagnada, a desigualdade permanece alta e a segurança trabalhista é cada vez mais frágil.
HERANÇA DA REFORMA TRABALHISTA
Assim, 8 anos depois da reforma trabalhista promovida pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), o saldo é inequívoco: o mercado de trabalho se tornou mais instável, desigual e menos protegido.
A formalização não cresceu como prometido, quase uma década depois da “reforma”, e o emprego com carteira assinada ainda representa menos de 40% da força de trabalho total.
Enquanto isso, mais de 39 milhões de brasileiros atuam na informalidade — sem direitos, sem Previdência e sem garantias mínimas na relação laboral.
TRABALHAR MAIS, GANHAR MENOS
Outro resultado se constitui na compressão da renda média e queda na qualidade de vida. O País tem mais gente trabalhando, mas com menos poder de compra e menor proteção social.
Diante da dura realidade, o cenário atual recoloca o tema do trabalho digno no centro da disputa política que se desenha para as eleições de 2026.
Mais do que questão meramente econômica, trata-se de projeto de sociedade: decidir se o Brasil continuará aceitando modelo que normaliza a precarização ou se buscará nova agenda de desenvolvimento com inclusão, proteção e dignidade laboral.
Por: Marcos Verlaine (Publicado originalmente no Portal Vermelho)