Nesta última terça-feira (23/9), quatro pessoas morreram na queda de um avião de pequeno porte que caiu na zona rural de Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Entre os mortos, estava um dos maiores arquitetos do mundo, o chinês Kongjian Yu.
A aeronave caiu ao lado da pista de pouso da Fazenda Barra Mansa, que é uma área turística que recebe visitantes do Brasil e do exterior. As causas do acidente ainda serão investigadas.
O paisagista e arquiteto chinês Kongjian Yu foi uma das principais atrações da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo 2025.
Criador do conceito de “cidades-esponja” e considerado um dos maiores arquitetos do mundo, Kongjian Yu palestrou na abertura no evento que ocorreu em 19 de setembro no Pavilhão da Oca, no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul de capital.
Segundo o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil, as quatro vítimas foram identificadas como: Marcelo Pereira de Barros, piloto e proprietário da aeronave; Kongjian Yu arquiteto chinês; Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, cineasta documentarista e; Rubens Crispim Jr., diretor e documentarista.
Ainda segundo amigos de Luiz Ferraz, ele e Yu gravavam um documentário sobre as “cidades-esponja”, conceito criado pelo arquiteto chinês.
A tragédia foi lamentada pelo presidente Lula: “Em tempos de mudança climática, Kongjian Yu se tornou uma referência mundial com as cidades esponja, que unem qualidade de vida e proteção ambiental: algo que queremos – e precisamos – para o futuro. A todos os amigos, familiares e colegas de trabalho das vítimas, deixo meus mais profundos sentimentos”.
ARQUITETO YU
Kongjian Yu era professor da Universidade de Pequim e diretor do escritório de arquitetura paisagística Turenscape, um dos maiores do mundo. Ele foi o criador de uma das ideias mais inovadoras da arquitetura moderna: as “cidades-esponja”, desenhadas para absorver um grande volume de água.
O arquiteto chinês era também consultor do governo chinês. Projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu ano passado no Rio Grande do Sul.
Segundo a revista Fapesp, em seus premiados projetos em cidades chinesas, Yu adotou a natureza e a metodologia conhecida como soluções baseadas na natureza para absorver, limpar e usar as águas fluviais e pluviais, em vez de expulsá-las com pressa das áreas urbanas com canalizações.
Ele era graduado na Universidade Florestal de Beijing e doutor pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Foto: Divulgação
O arquiteto chinês Kongjian Yu, criador do conceito de “cidade-esponja” para manejo sustentável da água, sendo reconhecido mundialmente por sua contribuição ao urbanismo ecológico
CINEASTAS RENOMADOS
Os documentaristas Luiz Ferraz e Rubens Crispim Jr acompanhavam o arquiteto Yu. O primeiro ficou conhecido por criar documentários e projetos de não-ficção, como a série Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia, que foi indicada ao Emmy Internacional. Ele também foi um dos diretores responsáveis pela série Tudo Ou Nada: Seleção Brasileira. Ele também fundou a Olé Produções, a produtora responsável por diversos projetos como os documentários “Vilanova Artigas – O Arquiteto e a Luz” e “As Primeiras”.
Já Rubens Crispim Jr. era formado em Artes Plásticas pela USP. O cineasta trabalhava com audiovisual há mais de 20 anos e havia fundado a produtora Poseidos, famosa por seus filmes de arte. Ele dividia a administração da empresa com a esposa, a também cineasta Heloisa Faria. O artista ainda dirigiu o documentário “O Bixiga é Nosso!”
