Rodrigo Santoro é o grande homenageado no Festival de Gramado 2025. Na abertura da cerimônia, na noite de sexta-feira (15/08), o ator recebeu o Kikito de Cristal por seus 30 anos de carreira. Já na tarde deste sábado (16/08), participou da produção artesanal do troféu que será entregue ao seu sucessor no próximo ano e, em seguida, esteve em uma coletiva de imprensa. As honrarias no festival acontecem dias antes de seu seu aniversário de 50 anos.
No evento, Rodrigo lembrou que Gramado foi o primeiro festival de cinema que frequentou em sua vida: "É um retorno a esse festival. Estive aqui em 2014, mas, muito antes disso, foi o primeiro festival que eu vim como espectador. Foi o primeiro contato que tive assim, 'uau, festival de cinema', ainda muito jovem".
Prestes a completar 50 anos, o ator também falou do atual momento de sua vida. "Acho que a idade não define uma pessoa, né? Essa questão da idade é muito mais simbólica. Claro, geneticamente, você vai avançando na vida, avançando na idade, e vai sentindo no corpo, na disposição... Tudo", completou Rodrigo.
"Nesse momento, estou também fazendo uma reflexão da minha vida, naturalmente. Acho que a questão dos 50 anos é mais um grande tabu do que qualquer outra coisa. Eu já estava fazendo isso no ano passado, para ser sincero. Não pelos 50 anos, mas sim por uma necessidade interna".
O ator citou ainda a importância de receber o Kikito de Cristal em Gramado: "É muito significativo para mim, não se assemelha com nenhum prêmio que eu tenha recebido antes".
Trabalhos no cinema
Na coletiva, Rodrigo comentou seus trabalhos mais recentes no cinema e contou uma curiosidade sobre o longa "O Filho de Mil Homens", adaptação do livro homônimo do escritor português Valter Hugo Mãe. "Fiz uma escolha num momento delicado para mim. A gente sempre tem encruzilhadas na vida e, exatamente quando o filme recebeu a luz verde para ser feito, eu recebi um convite para fazer uma série grande, estrangeira, e entrei num dilema muito grande", contou.
Ele revelou, então, o que o levou a escolher o trabalho no longa, que é uma adaptação de Daniel Rezende da obra portuguesa: "Foi muito difícil esse momento. Por um lado, estava seduzido e pressionado a aceitar este outro trabalho, que também era muito interessante, mas o filme tinha me atravessado, e eu não consegui sabotá-lo. Alguma coisa me dizia: 'Mas será que essa escolha é certa? Como saber o que é a escolha certa?'. Para mim, é sempre a que vem de dentro, a do coração, a da escuta interna".
Recentemente, durante uma participação na Feira Literária Internacional de Paraty, ele recebeu a resposta definitiva sobre esta decisão. "Conheci o Valter Hugo Mãe e ele ficou impressionado com o filme. Imagino que, para quem escreve, a adaptação de um livro é sempre delicada, mas ele disse que se surpreendeu e até declarou publicamente que achou o filme melhor que o livro dele", contou.
Além de "O Filho de Mil Homens", que deve ser lançado ainda este ano, a participação de Rodrigo no festival também é marcada pela exibição do filme "O Último Azul", de Gabriel Mascaro, que levou o Urso de Prata no Festival de Berlim.
"Eu venho falando, sempre que posso, do Brasil como um país que tem uma cultura muito diversificada, que a gente vai de Norte a Sul e vai se transformando. E acho que esse ano é uma prova empírica de que o Brasil está sendo reconhecido pelo seu cinema, não só mais pelo futebol, pelo carnaval, pelas belezas naturais. É muito bonito que isso esteja acontecendo agora."
