Na carta comunicando o tarifaço, Trump associou a medida à suposta perseguição contra Bolsonaro.
O tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com a imposição de sobretaxa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros, coloca o agronegócio em choque com o bolsonarismo.
Na carta em que anunciou o tarifaço ao governo brasileiro, na quarta-feira (9/7), Trump apontou expressamente a perseguição do Brasil a Bolsonaro. O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, usou a taxação para cobrar do Congresso a aprovação de uma anistia do pai, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal do golpe.
‘TIRO NO PÉ’
O representante de uma entidade do agronegócio considerou o episódio um “tiro no pé” do bolsonarismo em seu reduto eleitoral. Na eleição de 2022, Bolsonaro derrotou Lula em 77 dos 100 municípios mais ricos do agronegócio do País.
Parte do empresariado esperava mais pragmatismo dos políticos de direita na relação com os Estados Unidos, tendo ciência de que o setor seria um dos mais afetados pelas medidas protecionistas do líder norte-americano.
Um empresário do agronegócio paulista ressaltou que o governador de São Paulo admitiu que o tarifaço de Trump terá impactos negativos para o estado, e lembrou de quando Tarcísio postou uma foto com o boné usado pelos apoiadores do norte-americano.
O Estado é polo produtor de suco de laranja, café e carne bovina - setores citados entre os mais expostos às tarifas pelo elevado grau de exportação ao mercado norte-americano.
DURO GOLPE PARA A DIREITA
Um deputado integrante da frente parlamentar classificou o tarifaço de de “duro golpe” para a direita, por centrar a pauta do grupo na figura da família Bolsonaro, seja pela anistia ao ex-presidente, seja pela citação direta na carta de Trump. Isso dificulta ainda mais a direita se organizar para 2026, segundo a avaliação.