Abigail Disney nasceu com um dos sobrenomes mais simbólicos do capitalismo americano, mas vem dedicando sua vida a contestar o sistema que o consagrou.
Neta de Roy O. Disney, que fundou a The Walt Disney Company com o irmão, Walt, ela foi criada com o conforto de uma vida de classe média alta, até que o patrimônio de seus pais aumentou tanto que eles passaram a ter acesso a luxos como um jato particular com cama queen size.
Incomodada com a ostentação e com o que estava por trás dela, a americana decidiu usar sua visibilidade e sua herança para questionar o acúmulo desenfreado de capital por poucas famílias —inclusive a sua—, defender a taxação dos super-ricos e apoiar projetos sociais voltados para os direitos das mulheres e o combate à pobreza.
Cineasta, filantropa e ativista, Disney, 65, já doou cerca de US$ 70 milhões de uma fortuna estimada hoje em US$ 500 milhões. Ela é integrante do Patriotic Millionaires, movimento de empresários americanos que defendem uma reforma tributária mais rigorosa para os ultrarricos e tem como lema "orgulho de pagar mais".
Precisamos pensar diferente sobre a forma como os ricos participam da sociedade. Precisamos parar de idolatrar os ricos. Precisamos parar de pensar que eles sabem mais e parar de acreditar neles quando dizem que sabem mais.
Em entrevista à Folha de São Paulo, Abigail Disney manifestou que “os EUA já foram um lugar muito menos injusto economicamente, mas as desigualdades foram crescendo até se tornar parecido com o Brasil”.
Enfatizou que “costumava haver um contraste entre nós, mas agora estamos muito próximos e temos muitos dos mesmos problemas: uma elite muito poderosa tomando decisões sobre o governo, sobre as estruturas tributárias e outras estruturas econômicas —e, na América, de forma muito egoísta. Estamos vivendo, nos EUA, um pesadelo que vem sendo construído lentamente há 50 anos. Tem sido como um gigante rolando morro abaixo, destruindo tudo no caminho”.
“Acho que brasileiros e americanos temos muito o que conversar sobre como desfazer essa estrutura, como unir as pessoas e usar os recursos que estão alinhados com essa visão para descentralizar poder, propagar conhecimento e fazer essas mudanças”, ressaltou.