Depois do tarifaço dos Estados Unidos, considerado tiro no pé do bolsonarismo que ajudou a reabilitar a popularidade do governo Lula, parte da direita brasileira tenta agora uma adesão de Donald Trump à pauta da segurança pública, após megaoperação da polícia do Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes.
O movimento para “virar a página” do desgaste anterior inclui sinalizações públicas da família Bolsonaro e a busca do governo Cláudio Castro (PL) para que o Comando Vermelho seja considerado uma organização terrorista pelos americanos. A equiparação das facções a terrorismo vem sendo a principal bandeira da oposição, embora especialistas apontem riscos como inibir investimentos, expôr vítimas a sanções, além de brechas para intervenção estrangeira no país, ideia refutada pela maioria da população segundo a última pesquisa Genial/Quaest.
A principal sinalização por parte dos americanos até agora se deu na quarta-feira, com comunicado assinado por James Sparks, da Divisão Antidrogas dos Estados Unidos (DEA), endereçado ao secretário de Segurança do Rio, Victor Santos. No texto, o representante do governo Trump lamenta a morte dos quatro policiais na operação nos complexos da Penha e do Alemão e oferece às autoridades brasileiras “qualquer apoio que se faça necessário”.
No Itamaraty, a carta foi vista como “protocolar”. Diplomatas ressaltam que o documento não partiu de instâncias de alto nível do governo americano, mas de um agente da DEA lotado no consulado-geral dos EUA no Rio. A avaliação é de que se trata de uma manifestação sem caráter político.


