Um estudo da USP mostrou que cobrar mais imposto de renda das pessoas mais ricas ajuda a economia brasileira a crescer e gerar mais empregos. De acordo do projeção com base na pesquisa do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made/USP), esse tipo de reforma faz o PIB crescer 2,2% no mesmo ano em que entra em vigor e 3,8% no ano seguinte. O número de pessoas empregadas também sobe até 3,8% em três anos.
Por outro lado, reformas que beneficiam os mais ricos - como impostos sobre investimentos financeiros - não ajudam nem o PIB nem o emprego.
POR QUE ISSO ACONTECE?
A explicação dos pesquisadores é simples: quem tem menos dinheiro tende a gastar mais, enquanto os mais ricos poupam. Quando o governo cobra mais imposto dos ricos e alivia a carga dos mais pobres, acontece uma redistribuição da renda. Isso estimula o consumo das famílias, o que movimenta a economia e incentiva os empresários a investirem mais, gerando empregos.
Mesmo quando o governo não aumenta o total de impostos arrecadados - apenas redistribui a carga tributária - o efeito é positivo. Ou seja: é possível deixar o sistema mais justo sem pesar no bolso da população como um todo e ainda fortalecer a economia.
O QUE O GOVERNO QUER MUDAR HOJE
Desde o final de 2024, o governo Lula tenta aprovar uma nova reforma no Imposto de Renda. A proposta é isentar quem ganha até R$ 5 mil por mês e cria uma alíquota mínima de 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais (o que representa apenas 0,13% dos contribuintes do país).
Hoje, muitas dessas pessoas de alta renda não pagam imposto sobre lucros e dividendos - rendimentos de empresas - ou que fazem com que grande parte de sua renda fique isenta. Um caso relatado foi o de um contribuinte que declarou R$ 1,4 bilhão em 2019, mas só pagou imposto sobre R$ 100 milhões.
A proposta, embora tecnológica, sólida e baseada em evidências empíricas, enfrenta resistência no Congresso Nacional. Com relatoria do deputado Arthur Lira, o texto ainda não avançou por “falta de clima”, segundo o próprio parlamentar, em meio ao agravamento das tensões entre Executivo e Legislativo.