A Petrobras pretende concluir ainda em maio os preparativos para deslocar o navio-sonda que realizará perfurações na Margem Equatorial, uma região de águas ultra profundas localizada na costa do Amapá. A informação foi revelada por três fontes com conhecimento do assunto à agência Reuters. A movimentação da estatal ocorre em meio à expectativa pela obtenção da licença ambiental necessária para iniciar as atividades de exploração na região.
Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, os procedimentos de limpeza de corais associados à sonda já estão na fase final. Com essa etapa concluída, a embarcação estará apta a partir rumo à Margem Equatorial, considerada promissora em potencial petrolífero, mas também de elevada complexidade ambiental por abrigar ecossistemas frágeis e comunidades indígenas costeiras.
SIMULAÇÃO RESGATE DA FAUNA
Na segunda-feira (19/5), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deu aval ao plano de emergência apresentado pela Petrobras para resgate da fauna em caso de vazamento de óleo. Contudo, ainda falta a realização de uma simulação operacional, apontada pela estatal como o último requisito antes da emissão da licença de perfuração.
A embarcação, atualmente no Rio de Janeiro, deve levar entre 20 e 30 dias para alcançar a costa amapaense. Dessa forma, a Petrobras acredita que poderá concluir a simulação até o fim de junho. No entanto, uma fonte do Ibama consultada pela Reuters avalia que esse cronograma é pouco provável. Segundo ela, seria “difícil” realizar o exercício ainda em junho, uma vez que a operação exigiria remanejamento de servidores atualmente em outras atividades.
RESISTÊNCIA DO IBAMA
Apesar da aprovação do plano emergencial em termos conceituais, a equipe técnica do Ibama mantém resistência à proposta. Em fevereiro deste ano, técnicos do órgão assinaram um parecer classificando como de “remota possibilidade” o sucesso da estratégia de resgate de fauna apresentada pela Petrobras.
O trecho da costa norte brasileira onde se concentra o interesse da estatal abriga recifes de corais e uma série de comunidades tradicionais. A sensibilidade ambiental da área foi um dos motivos que levaram o Ibama a rejeitar, em 2023, o primeiro pedido de licença para perfuração.
A estatal recorreu da decisão, reacendendo um impasse dentro do governo federal, entre os que defendem a preservação ambiental e os que pressionam pela ampliação da exploração de petróleo e gás. Procurados pela Reuters, nem o Ibama nem a Petrobras se manifestaram oficialmente sobre o tema.