Alcançar o auge da carreira profissional aos 22 anos pode significar uma grande possibilidade de ter uma aposentadoria tranquila e confortável, ainda mais quando a profissão envolve as cifras milionárias do futebol. Era com essa perspectiva que Jurandir Fatori, conhecido como Jura, comemorava o título mundial conquistado com o estrelado time do São Paulo treinado por Telê Santana, em 1993.
Considerado um promissor lateral-direito que vinha ocupando o lugar de Cafu, que depois viria a se tornar um dos maiores jogadores da posição na história do futebol, Jura não conseguiu deslanchar como o esperado.
Mesmo tendo por clubes como São Paulo, Flamengo, Bahia, Avaí, Athletico-PR e times menores do interior paulista, Jura encerrou a carreira em 2005 sem se consolidar na carreira. Ele conseguiu acumular fortuna nas mais de duas décadas como profissional, mas perdeu tudo por causa da vida noturna e a bebida.
Um dinheiro que nunca imaginei ter começou a cair na minha conta. Eu só tinha noção do que podia gastar, do que podia comprar, não sabia de um investimento que poderia render
— Jura.
Atualmente com 54 anos, o ex-lateral revisita a sua história como atleta e tenta assimilar os erros do passado que tornaram o seu presente distante de uma vida luxuosa e tranquila.
– Foi a madrugada, gostava muito. Falta de vergonha na cara mesmo, mas uso isso como exemplo. Hoje tem que ser 100% profissional. Antigamente não, você podia dar aquela saída, só que cada saída era muito dinheiro envolvido. Por exemplo, os amigos meus não colocavam a mão no bolso, era bebida, noitada, mulherada... Me casei muito tarde, se tivesse minha família hoje, casado, a cabeça era outra, outra performance, mas sozinho, solteiro, dinheiro no bolso, tudo muito fácil.
Em sete meses no São Paulo fui campeão da Libertadores, Recopa, Supercopa e Mundial. É difícil explicar...
— Jura.
– Acredito que a falta de estudos atrapalhou bastante a minha vida, não só financeiramente, como profissional também, pois poderia ter ido muito mais longe. Minhas condições eram boas. Até tive chances de na época conversar com o Parreira, Zagallo, ser cogitado para uma seleção brasileira – disse.