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Política Sexta-feira, 19 de Setembro de 2025, 05:50 - A | A

Sexta-feira, 19 de Setembro de 2025, 05h:50 - A | A

Proposta de reforma administrativa prevê o fim da aposentadoria compulsória para juízes e promotores, substituindo a punição por demissão sem salário

Da Redação

Um dos temas mais polêmicos da nova reforma administrativa em discussão na Câmara dos Deputados promete mudar radicalmente a forma como juízes e promotores são punidos no Brasil. O projeto, relatado pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), propõe o fim da aposentadoria compulsória como sanção disciplinar, substituindo-a por demissão efetiva após processo administrativo.

A medida surge como resposta a uma crítica antiga: a aposentadoria compulsória, mesmo aplicada como punição, garante ao magistrado ou membro do Ministério Público o direito de continuar recebendo remuneração integral ou proporcional — situação que, na prática, funciona como um “prêmio” para quem cometeu irregularidades.

EXTINGUIR PRIVILÉGIOS DE JUÍZES E PROMOTORES

Segundo a proposta em análise, magistrados e promotores poderão perder o cargo sem direito a salário caso sejam condenados em processo administrativo disciplinar (PAD).

O relator defende que a medida é necessária para fortalecer a credibilidade do sistema de Justiça e coibir abusos. “Não faz sentido que alguém punido por má conduta continue recebendo vencimentos de dezenas de milhares de reais às custas do contribuinte”, afirmou o deputado Pedro Paulo.

DISTORÇÃO NA APLICAÇÃO DAS PUNIÇÕES

Levantamentos realizados por entidades como a ONG Fiquem Sabendo, com base em dados do CNJ, revelam que entre 2008 e abril de 2024 dezenas de magistrados foram punidos, mas a grande maioria recebeu como penalidade a aposentadoria compulsória. Nenhum desses casos resultou em demissão.

Esses números reforçam a percepção de que a punição atual é, na prática, um benefício disfarçado de sanção.

A aposentadoria compulsória assegura ao juiz ou promotor um salário vitalício, enquanto o cargo é extinto, criando insatisfação na sociedade e minando a confiança no sistema de responsabilização.

COMO FUNCIONARÁ A DEMISSÃO SEM SALÁRIO

De acordo com a proposta de reforma administrativa, o novo modelo prevê que:

O magistrado ou promotor responderá a um processo administrativo disciplinar (PAD).

Se condenado, poderá ser demitido, perdendo o cargo e a remuneração.

O julgamento será feito em colegiado do CNJ ou CNMP, garantindo contraditório e ampla defesa.

O objetivo é alinhar o regime disciplinar dessas carreiras ao que já ocorre em outras áreas do serviço público, onde a demissão por falta grave é regra.

Essa mudança colocaria fim a uma das mais criticadas distorções do sistema jurídico brasileiro, reforçando a ideia de que carreiras de Estado também precisam responder por seus atos de forma proporcional.

O FIM DE UM PRIVILÉGIO HISTÓRICO?

O debate sobre o fim da aposentadoria compulsória ultrapassa o campo jurídico e se insere no coração da política brasileira. Para muitos, trata-se de corrigir uma distorção histórica, encerrando um mecanismo que permitia a manutenção de altos salários mesmo após condenação por irregularidades.

Se a reforma administrativa avançar e for aprovada, juízes e promotores não terão mais a aposentadoria garantida em caso de má conduta. Em vez disso, enfrentarão a pena máxima: perda do cargo e do salário.

Essa mudança representará não apenas uma economia milionária aos cofres públicos, mas também um marco simbólico de igualdade perante a lei. A sociedade observa atenta: será o início do fim de um privilégio intocável ou apenas mais um capítulo de promessas de reforma que ficam pelo caminho?

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