A pressão pela votação do texto voltou a crescer e líderes partidários tentam um acordo para que o tema seja incluído em pauta após o julgamento da trama golpista, previsto para terminar no próximo dia 12 de setembro.
O movimento tem sido interpretado por auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma ação para rifar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e abraçar a candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O presidente do Senado, David Alcolumbre (União-AP), deve propor um texto alternativo ao da anistis, que irá diferenciar as penas de acordo com o grau de participação nos atos de 8 de janeiro, como quem financiou e que apenas estava na Praça dos Três Poderes, mas não cometeu vandalismo. Alcolumbre é contrário à proposta que tramita hoje na Câmara dos Deputados, defendida por bolsonaristas e que prevê beneficiar Bolsonaro. Propõe que o projeto exclua Bolsonaro e o “núcleo crucial” do golpe, formado por generais e ex membros do alto escalão do governo do ex-presidente envolvidos no planejamento e articulação do golpe.
O governo argumenta que há uma pauta positiva para ser tocada no Congresso, como isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a PEC da Segurança. Em publicação nas redes sociais na terça-feira, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, não tratou da anistia, mas fez uma menção indireta ao tema. Ela afirmou que quem estiver no governo precisa ter compromisso com a "democracia e o estado de direito".
Enquanto o Supremo Tribunal Federal inicia o julgamento da trama golpista, cresceu o movimento a favor da votação na anistia na Câmara com a articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é apontado como um nome para representar a oposição na eleição presidencial de 2026. Diante de uma provável condenação de Bolsonaro e de sua inelegibilidade, integrantes do governo enxergam a intensificação da pressão por pautar o texto um gesto direto do Centrão à candidatura de Tarcísio.
As bancadas do União Brasil, PP e Republicanos pressionaram para que o tema seja pautado e até deputados governistas avaliam agora que o tema ganhou força e pode ser colocado em votação no plenário da Câmara.
Em Brasília, Tarcísio de Freitas conversou na segunda-feira (1º/9) com Hugo Motta e Marcos Pereira, presidente do Republicanos, sobre como acelerar a votação do projeto. Além disso, o governador se comprometeu publicamente a conceder um indulto a Bolsonaro como “primeiro ato”, caso seja eleito presidente da República. A declaração ocorreu após críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do vereador do Rio Carlos Bolsonaro sobre as articulações mais claras por uma chapa de centro-direita contra Lula enquanto Bolsonaro está em prisão domiciliar.